sábado, 5 de dezembro de 2015

05/12/2015 05h00 - Atualizado em 05/12/2015 05h00

Zika vírus: entenda a transmissão, os sintomas e a relação com microcefalia

Vírus foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015.
Além de microcefalia, governo estuda possível relação com Guillain-Barré.

Mariana LenharoDo G1, em São Paulo
Aedes aegypti, que transmite dengue e chikungunya, também pode transmitir o zika vírus (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)Aedes aegypti, que transmite dengue e chikungunya, também transmite o zika vírus (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)
Identificado pela primeira vez no país em abril, o zika vírus tem provocado intensa mobilização das autoridades de saúde no país. Enquanto a doença costuma evoluir de forma benigna – com sintomas como febre, coceira e dores musculares – o que mais preocupa é a associação do vírus com outras doenças. O Ministério da Saúde já confirmou a relação do zika com a microcefalia e investiga uma possível relação com a síndrome de Guillain-Barré. Veja o que já se sabe sobre o vírus:
Como ocorre a transmissão?
Assim como os vírus da dengue e do chikungunya, o zika também é transmitido pelo mosquitoAedes aegypti.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas da doença provocada pelo zika vírus são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. A evolução da doença costuma ser benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias. O quadro de zika é muito menos agressivo que o da dengue, por exemplo.
Como é o tratamento?
Não há vacina nem tratamento específico para a doença. Segundo informações do Ministério da Saúde, os casos devem ser tratados com o uso de paracetamol ou dipirona para controle da febre e da dor. Assim como na dengue, o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina) deve ser evitado por causa do risco aumentado de hemorragias.
Qual é a relação entre o zika e a microcefalia?
A relação entre zika e microcefalia foi confirmada pela primeira vez no mundo no fim de novembro pelo Ministério da Saúde brasileiro. A investigação ocorreu depois da constatação de um número muito elevado de casos em regiões que também tinham sido acometidas por casos de zika.
É preciso admitir que estamos enfrentando algo novo, que não conhecemos bem. O que sabemos é baseado em aspectos mais gerais e apoiado em experiências de outras doenças transmitidas por mosquitos"
Érico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia
A evidência crucial para determinar essa ligação foi um teste feito no Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado ao Ministério da Saúde no Pará, que detectou a presença do vírus zika em amostras de sangue coletadas de um bebê que nasceu com microcefalia no Ceará e acabou morrendo.
Como a situação é muito recente, ainda não se sabe como o vírus atua no organismo humano, quais mecanismos levam à microcefalia e qual o período de maior vulnerabilidade para a gestante. Segundo o Ministério da Saúde, as investigações sobre o tema devem continuar para esclarecer essas questões.
Quais são as recomendações para mulheres grávidas?
O Ministério da Saúde orienta algumas medidas para mulheres grávidas ou com possibilidade de engravidar tendo em vista a ocorrência de casos de microcefalia relacionados ao zika vírus.
Uma delas é a proteção contra picadas de insetos: evitar horários e lugares com presença de mosquitos, usar roupas que protejam a maior parte do corpo, usar repelentes e permanecer em locais com barreiras para entrada de insetos como telas de proteção ou mosquiteiros.
É importante informar o médico sobre qualquer alteração em seu estado de saúde, principalmente no período até o quarto mês de gestação. Um bom acompanhamento pré-natal é essencial e também pode ajudar a diminuir o risco de microcefalia.
Há risco de microcefalia se a mulher engravidar depois de se curar do zika?
Segundo o médico Érico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o que se conhece sobre a relação entre o zika e a microcefalia é insuficiente para determinar se há risco de engravidar logo depois de se curar de uma infecção pelo zika vírus.
“O que se pode dizer, baseado em contextos gerais, é que parece que a viremia do zika é curta, ou seja, a pessoa infectada fica pouco tempo com o vírus circulando na corrente sanguínea.” Caso isso seja confirmado, é possível que não haja risco de gravidez logo após o fim da infecção, porém ainda é cedo para ter certeza.
Cláudio Maierovitch e Antônio Nardi, Ministério da Saúde (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)Cláudio Maierovitch (dir.) e Antônio Nardi (esq.), do Ministério da Saúde, anunciam novos casos de microcefalia relacionados ao zika vírus em coletiva esta semana (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Qual é a relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré?
Alguns estados do Nordeste que tiveram a ocorrência do vírus zika têm observado um aumento incomum dos casos da síndrome de Guillain-Barré, como PernambucoBahiaPiauíSergipe,Rio Grande do Norte e Maranhão.
Trata-se de uma doença rara que afeta o sistema nervoso e que pode provocar fraqueza muscular e paralisia de braços, pernas, face e musculatura respiratória. Em 85% dos casos, há recuperação total da força muscular e sensibilidade. Ela pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais comum entre adultos mais velhos.
O Ministério da Saúde está investigando esses casos, mas até o momento não confirma a correlação. A pasta deve divulgar as conclusões desse estudo nas próximas semanas.
Especialistas afirmam que é muito provável que exista uma conexão. “Neste momento, temos que encarar que existe um indício forte de relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré, mas para ter certeza absoluta precisamos de mais elementos e avaliar com mais profundidade os pacientes que desenvolveram a síndrome”, diz o médico Marcondes Cavalcante França Junior, coordenador do Departamento Científico de Neurogenética da Academia Brasileira de Neurologia.
Zika vírus (Foto: Reprodução / TV Globo)Infecção por zika vírus tem como sintoma erupções na pele e coceiras (Foto: Reprodução / TV Globo)
Há suspeita de associação do zika com outras doenças?
Até o momento, não há evidências de que o zika possa estar relacionado a outras doenças além da microcefalia e da possibilidade de conexão com a síndrome de Guillain-Barré.
O zika já provocou mortes no Brasil?
Até o momento, o Ministério da Saúde confirma três mortes relacionadas ao vírus zika. Um dos casos é o do bebê do Ceará que nasceu com microcefalia, cujas amostras de sangue serviram como evidência da relação entre o zika e a microcefalia. Outro caso é de um homem do Maranhão que também tinha lúpus. Houve ainda o caso de uma menina de 16 anos no Pará.
Como é feito o diagnóstico de zika?
Ainda não há um teste padrão para diagnosticar a doença. “Como o zika é novo, não temos uma padronização nos testes. Para se ter certeza do diagnóstico, é preciso usar a técnica de PCR, que é complexa e não está disponível no mercado”, diz Rodrigo Stabeli, vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
No Brasil, somente três unidades da Fiocruz, além do Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, têm a capacidade de fazer esse exame. “Esses laboratórios têm a missão de desenvolver um método melhor de diagnóstico para suprir esse problema epidemiológico”, diz Stabeli.
Enquanto não existe um teste padrão, o diagnóstico nas regiões em que já se constatou a presença do vírus vem sendo feito por critérios clínicos.
Quais são as medidas de prevenção conhecidas?
Como o zika é transmitido pelo Aedes aegypti, mesmo mosquito que transmite a dengue e o chikungunya, a prevenção segue as mesmas regras aplicadas a essas doenças. Evitar a água parada, que os mosquitos usam para se reproduzir, é a principal medida.
Em casa, é preciso eliminar a água parada em vasos, garrafas, pneus e outros objetos que possam acumular líquido. Colocar telas de proteção nas janelas e instalar mosquiteiros na cama também são medidas preventivas. Vale também usar repelentes e escolher roupas que diminuam a exposição da pele. Em caso da detecção de focos de mosquito que o morador não possa eliminar, é importante acionar a Secretaria Municipal de Saúde do município.
Por enquanto, não existe vacina capaz de prevenir a infecção pelo vírus zika.
Mosquitos Aedes aegypti, transmissor da dengue. doença, vetor, inseto, transmissores, contágio. -HN- (Foto: Fabio Motta/Estadão Conteúdo)Mosquito Aedes aegypti deve ser controlado como prevençao do zika (Foto: Fabio Motta/Estadão Conteúdo)
Qual é a diferença entre dengue, chikungunya e zika?
Os vírus da dengue, chikungunya e zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e levam a sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Zika e dengue são do gênero Flavivirus, já o chikunguna é do gênero Alphavirus. 
As doenças têm gravidades diferentes. A dengue, que pode ser provocada por quatro sorotipos diferentes do vírus, é caracterizada por febre repentina, dores musculares, falta de ar e moleza. A forma mais grave da doença é caracterizada por hemorragias e pode levar à morte.
O chikungunya caracteriza-se principalmente pelas intensas dores nas articulações. Os sintomas duram entre 10 e 15 dias, mas as dores articulares podem permanecer por meses e até anos. Complicações sérias e morte são muito raras.
Já a febre por zika vírus leva a sintomas que se limitam a no máximo 7 dias. Apesar de os sintomas serem mais leves do que os de dengue e chikungunya, a relação do vírus com a microcefalia e a possível ligação com a síndrome de Guillain-Barré tem trazido preocupação.
O Aedes aegypti pode transmitir mais de uma doença ao mesmo tempo?
Segundo estudos conduzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é possível que um mosquito transmita dengue e chikungunya ao mesmo tempo a um paciente. Ainda não há estudos, porém, que avaliem a possibilidade de o zika vírus ser transmitido simultaneamente aos outros dois vírus
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está monitorando a situação do zika?
Sim. A Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde emitiram umalerta mundial sobre a epidemia de zika vírus. Segundo a OMS, somente neste ano foram confirmados casos de zika em nove países das Américas. Brasil, Chile - na ilha de Páscoa -, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.
Quando o zika foi identificado pela primeira vez?
O vírus foi identificado pela primeira vez em 1947 em um macaco rhesus na floresta Zika, da Uganda. No Brasil, ele foi identificado pela primeira vez em abril de 2015.
O médico Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, comenta sobre o zika vírus e sua relaçãoc om a microcefalia no vídeo:

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

bandeira do brasil

por Cássio Barbosa

 

Hoje, dia 19 de novembro comemora-se o dia da bandeira. Pouca gente se lembra que existe um dia da bandeira, mas essa data marca a criação da bandeira republicana através de um decreto no dia 19 de novembro de 1889. Todo ano, nesse dia, as bandeiras em mau estado devem ser incineradas, num procedimento feito pelas forças armadas.
Bom, a bandeira nacional tem, como você já deve ter notado, uma ligação muito estreita com a astronomia e eu queria aproveitar a data para contar algumas curiosidades sobre o "lábaro que ostenta estrelado".
Muitas bandeiras pelo mundo usam elementos de astronomia em seus desenhos, principalmente estrelas. Na grande maioria das vezes são estrelas que guardam algum significado, todavia estão fora de um contexto astronômico maior. Por exemplo a bandeira dos EUA. Cada estrela representa um estado americano, mas elas estão empilhadas, não formam constelações. Nesse quesito de constelações temos a bandeira da Austrália e da Nova Zelândia que ostentam o Cruzeiro do Sul estampados. No caso da Austrália a estrela Rigel Kentaurus, a alfa do Centauro, também dá as caras e o Cruzeiro em si tem 5 estrelas. Já a bandeira neozelandesa tem só o Cruzeiro em versão econômica, com 4 estrelas.
A bandeira do Nepal possui o Sol e a Lua, bandeiras de países islâmicos estampam uma estrela e uma Lua Crescente, como a bandeira da Argélia por exemplo. Na bandeira do Japão, o círculo vermelho representa o Sol.
Mas de todas as bandeiras nacionais, a nossa tem uma característica especial, as estrelas que estão estampadas nela não só estão organizadas em constelações, como também representam o céu no dia da proclamação da República! Nesse aspecto a bandeira brasileira deve ser única no mundo por carregar uma verdadeira carta celeste.
É assim.
As estrelas que figuram na bandeira nacional formam parte das constelações do céu na data de 15 de novembro de 1889. Mais precisamente, a bandeira exprime o céu do Rio de Janeiro às 08:30 da manhã, como se o observador estivesse fora da abóboda celeste, ou seja, o céu com aspecto invertido ao que vemos. Esse é o panorama do céu na data e hora acimas.
Crédito: Cássio Barbosa/Stellarium
Cada estrela da nossa bandeira representa uma unidade da federação, conforme a figura abaixo indica. Por exemplo, alfa do Cruzeiro (a Estrela de Magalhães) representa o estado de São Paulo, aliás todo o Cruzeiro do Sul representa os estados da região sudeste do país, exceto pela estrela gama do Cruzeiro (conhecida como Rubídea pela cor avermelhada) que representa a Bahia.
O Distrito Federal é representado pela estrela Sigma do Oitante, uma estrela muito fraca, no limite da visão humana de quarta magnitude. Essa estrela tem pouco destaque no céu austral, no que diz respeito ao seu brilho. Por representar a capital do país, seria esperado que a estrela escolhida fosse de primeira grandeza, mais brilhante, mas a escolha recaiu sobre ela por que ela é a estrela mais próxima do polo sul celeste. Dessa maneira todas as outras estrelas (ou estados no caso) vão girar em torno dela em seus movimentos aparentes.



Crédito: Wikipedia
Desde a sua criação, em 1889, o número e o simbolismo das estrelas foi alterado com a criação de novos estados, originalmente eram 21 estrelas. A estrela alfa da Hidra, que representava o antigo estado da Guanabara, passou a simbolizar o estado do Mato Grosso do Sul quando ele foi criado em 1979. A única estrela a figurar acima do lema "Ordem e Progresso" representa o estado do Pará. Isso por que em 1889, o Pará era o estado com cuja capital estava mais ao norte do país. Belém ainda continua lá, mas com a criação do estado de Roraima, Boa Vista agora ostenta este título. Aliás, é a única capital brasileira situada no hemisfério norte. A estrela que representa o Pará é Spica, alfa da constelação de Virgem e Roraima é representada por Wezen (delta do Cão Maior).
Mas o rigor astronômico passou longe da representação na bandeira.
Em primeiro lugar por quê representar o céu de dia, com estrelas que não se pode ver? O motivo geralmente aceito é que a proclamação da República tenha se dado perto desse horário. Os relatos dos fatos não são precisos quanto ao horário dos acontecimentos, Deodoro da Fonseca teria saudado a República ainda de madrugada e depois disso teria voltado para casa, daí para frente os relatos são imprecisos. Outra possível razão pode ser exclusivamente estética. Nesse horário, como vemos, o Cruzeiro do Sul está na posição vertical. Ao que parece, havia interesse dos republicanos que desenharam a bandeira para que o Cruzeiro estivesse em posição de destaque. Tanto é que se fossem mantidas as proporções entre as constelações presentes na bandeira, para o Cruzeiro ficar tão grande, o Escorpião precisou ser encolhido absurdamente, caso contrário só uma pequena parte dele estaria lá. Aliás, o Escorpião foi totalmente deformado nesse processo de encolhimento, ele é uma das constelações mais fáceis de se identificar no céu pela sua semelhança com um escorpião de verdade. Na nossa bandeira ele ficou quase irreconhecível.
Aliás, as constelações representadas na bandeira brasileira são (ainda que parcialmente): Virgem (uma estrela), Cão Maior (6 estrelas), Cão Menor (uma estrela), Hidra (2 estrelas), Carina (uma estrela), Cruzeiro do Sul (5 estrelas), Escorpião (8 estrelas), Triângulo Austral (2 estrelas) e Oitante (uma estrela). Inexplicavelmente, duas estrelas muito brilhantes e que acompanham o Cruzeiro tão de perto que são chamadas de 'Guardiãs do Cruzeiro' (alfa e beta do Centauro) não foram representadas.
Para finalizar esse 'fun with flags' nacional (entendedores entenderão), algumas curiosidades: a estrela mais brilhante do céu (e também na bandeira), Sírius, representa o estado do Mato Grosso. Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins, os quatro estados mais jovens da federação, ganharam estrelas da constelação do Cão Maior, respectivamente beta, gama, delta e épsilon. As estrelas mais brilhantes das constelações estampadas na bandeira, as alfas, representam os seguintes estados: Pará (Spica, Virgem), Amazonas (Procyon, Cão Menor), Mato Grosso do Sul (Alphard, Hidra), Mato Grosso (Sírius, Cão Maior), Goiás (Canopus, Carina), São Paulo (Estrela de Magalhães, Cruzeiro do Sul), Piauí (Antares, Escorpião) e Rio Grande do Sul (Atria, Triângulo Austral).

É isso

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Não sopre no olho de ninguém para eliminar um corpo estranho

7 / 8
© Fornecido por El País
Você imagina o Rambo (Sylvester Stallone) sem o torniquete no braço para estancar o sangue que esguicha de sua terrível ferida? Ou a senhora Doubtfire (Robin Williams) sem socorrer o namorado de sua ex-mulher (Pierce Brosnan) quando se engasga em um restaurante? Ou algo mais próximo ainda, você mesmo, não tampou nunca o nariz com algodão para conter um sangramento? Apesar de se tratar de técnicas de primeiros socorros muito conhecidas, não são sempre um exemplo de como agir em situações que requeiram ajuda à saúde. Estes são os erros mais comuns que cometemos ao prestar os primeiros socorros.
1. Tirar um acidentado do carro. Se você viu um acidente de trânsito, deve ter presenciado o desejo das testemunhas de socorrer as vítimas até que cheguem os serviços emergência. A primeira regra de ouro é não movimentar nunca os feridos. “Salvo um perigo iminente de explosão ou queda de objetos, nunca se deve tirá-los do carro nem mudá-los de lugar. Só é preciso controlar como estão” enfatiza José Javier Varo, diretor do Serviço de Urgências da Clínica Universidade de Navarra (CUN).
O motivo é o risco de que exista uma lesão cervical. “Uma fratura instável da coluna cervical pode transformar-se em uma lesão medular se movimentamos a vítima”, adverte Varo.
Se o acidentado é um motociclista, também não se deve tentar retirá-lo do veículo, “a não ser que sua posição esteja dificultando a respiração e comprometendo sua vida”. A explicação: proteger a coluna cervical. O mesmo se aplica no caso de a vítima estar com a boca para baixo: “é preciso deixá-la nessa posição e, no caso de ter de movimentá-la, fazê-lo com várias pessoas, como se ela fosse um bloco”. E, sobretudo, “nunca se deve levar o acidentado a um hospital em um carro particular”.
Água com açúcar não resolve uma lipotimia (desmaio). Melhor deitar a pessoa e elevar suas pernas
“O melhor que você pode fazer nessas situações é não fazer nada e esperar a chegada da polícia e dos serviços de atendimento de emergência”, conclui.
2. Entusiasmar-se demais com o torniquete. Exercer uma pressão suprema com tiras de pano para conter uma hemorragia é um recurso muito cinematográfico que não se deve reproduzir na vida real. “Disso se encarrega, excepcionalmente, a equipe de saúde”, afirma Varo: “A partir da zona do torniquete se produz uma diminuição do fluxo sanguíneo e existe o risco altíssimo de necrose e de futura amputação do membro. Uma exceção: uma hemorragia muito intensa e abundante”.
Em vez disso, o que fazer? “Comprimir a ferida com uma gaze ou um tecido limpo e elevar (se for possível) a extremidade que sangra”. A compressão deve ser mantida entre cinco e dez minutos, “sem levantar a atadura na metade para comprovar se a ferida continua ou não sangrando”.
3. Tampar um nariz que sangra. É certo que esse é um dos remédios que você contempla desde a infância (outras pessoas advertiam, com acerto, que a única coisa que se consegue com isso é engolir sangue). É hora de se desfazer de crenças erradas. “Nas hemorragias nasais é preciso inclinar-se levemente para a frente, para que o sangue saia fora e não vá para a via respiratória”, indica o especialista. “Também não se deve tampar os orifícios nasais porque a única coisa que se consegue é reter o sangue, mas não a hemorragia.” Se depois de transcorridos alguns minutos o sangramento não parar, recorra a um serviço de emergências.
4. Pôr manteiga sobre uma queimadura. Esqueça a gordura e coloque a região queimada sob água corrente fria durante 10 minutos. “Isso é a primeira coisa que se deve fazer, porque a água fria interrompe o mecanismo de lesão da queimadura”, diz Vara. Depois, tire a roupa se não estiver colada na pele, “mas, se estiver grudada, jamais tente fazer isso”.
Quando a queimadura esfriar, comprove se produziu bolhas. “Se não há bolhas, trata-se de uma queimadura de primeiro grau, e a única coisa a fazer é aplicar creme hidratante, nada de manteiga nem vaselina nem gelo”, insiste. “Se houver bolhas não muito grandes, é preciso aplicar uma pomada antibiótica e proteger a queimadura com um emplastro durante alguns dias.” Nunca se deve furar as bolhas para retirar o líquido nem deixar nada dentro. “Se houver várias, o melhor é recorrer ao pronto-socorro.”
5. Comprimir o diafragma de uma pessoa que engasgou. Quando alguém se engasga e começa a tossir, a tendência imediata é lhe dar pancadas nas costas. “Mas é melhor incentivá-lo a tossir com mais força para expulsar o objeto”, alerta José Javier Varo, que conta que, na asfixia, a situação mais grave ocorre quando a via aérea está completamente obstruída. A pessoa não tosse nem é capaz de respirar. Leva as mãos ao pescoço, seu rosto passa do roxo ao azulado... “Neste caso é preciso lhe dar até cinco pancadas nas costas, entre as omoplatas. Se não se consegue fazer com que ela expulse o corpo, será preciso comprimir o estômago com a chamada de manobra de Heimlich.
6. Provocar o vômito em uma criança que engoliu um objeto estranho. Se o pequeno engoliu uma moeda, não é caso de alarme, já que “é um objeto redondo, sem arestas, e ele o expulsará nas fezes”. Se ingeriu um corpo cortante ou pontudo, “leve-o imediatamente ao pronto-socorro, mas jamais o faça vomitar”.
7. Dar leite para neutralizar o efeito da água sanitária. Outro erro muito comum é obrigar a tomar leite uma criança que ingeriu água sanitária. “Não se deve dar nada de beber para ela, nem leite nem água nem nenhum outro líquido. Nunca administramos um antídoto pela boca porque não são eficazes e podem agravar as lesões. Tampouco se deve provocar o vômito porque o líquido, ao passar pelo tubo digestivo, causa danos ao entrar e sair”, insiste o médico. O correto é recorrer ao atendimento de emergências.
8. Provocar o vômito em quem tomou muitos medicamentos. Nem em crianças nem em adultos se deve forçar o vômito para que saiam os remédios ingeridos. “Consulte o serviço de atendimento de emergências”, aconselha o especialista. No hospital se utiliza carbono ativado para evitar que o medicamento seja absorvido. A lavagem gástrica é um recurso cada vez menos empregado.
9. Desinfetar um ferimento com água oxigenada ou produtos à base de mercúrio. O borbulhar da água oxigenada sobre a superfície da ferida, seguido do roxo intenso do mercúrio-cromo, fizeram parte do ritual antisséptico das feridas por décadas. “Hoje, basta lavar a lesão, só com água, e depois aplicar um pouco de iodopovidona (e), uma combinação mais simples e com maior poder desinfetante, segundo garantem os manuais de primeiros socorros. Se a ferida for grande, coloque uma gaze por cima e vá para o pronto-socorro”.
O chefe de Urgências da CUN também recomenda não usar curativos adesivos para fechar a ferida (tipo Band-Aid). “Não é conveniente, a não ser que o médico indique.”
10. Comprimir o estômago de um afogado para que expulse a água. Vimos centenas de vezes na televisão, mas não devemos repetir, “porque pode passar parte do conteúdo do estômago aos pulmões, piorando a situação”, diz Varo. Diante de um afogamento, o correto é seguir as diretrizes da reanimação cardiopulmonar (RCP): manter a via aérea aberta e comprovar se a pessoa respira e tem pulso. Se isso não acontece, começar asmanobras de RCP 8. "Se o afogado está inconsciente, mas respira, deve ser colocado de lado até a chegada da equipe de saúde”, esclarece o médico.
11. Soprar no olho para eliminar um corpo estranho. Quando entra algo no olho, a reação imediata do acompanhante é soprar e tentar retirar com um pano o objeto causador do incômodo. “Não é uma boa ideia porque podemos provocar erosões na córnea. O mais adequado é lavar o olho (com soro fisiológico ou água) para que o líquido arraste o objeto até que saia. Chorar profusamente tem um efeito parecido”, revela Vara.
12. Tirar um objeto que está cravado no corpo. Tentar extrair esse intruso pode piorar as lesões. Por exemplo, “um pau cravado em uma perna talvez afete uma artéria, mas está contendo a hemorragia. Por isso, se é um objeto relativamente grande, é preciso retirá-lo na sala de cirurgia para o médico ir vendo até onde chegou”.
13. Dar água com açúcar num caso de lipotimia. É um recurso tão inócuo quanto ineficaz. O indicado é deitar a pessoa afetada e mantê-la com as pernas elevadas até que a síncope passe. “Abanar ou dar água com açúcar não melhora nada”, conclui o especialista.