A cada cigarro fumado, introduzimos no corpo cerca de 4 mil venenos, além de carcinógenos e metais tóxicos. No que se refere ao câncer, de 50% a 75% das mortes estão relacionadas a comportamentos ou hábitos pessoais. Se conseguíssemos mudá-los, praticamente todos os casos de pulmão, bexiga e pele poderiam ser evitados. Somente o fumo responde por 30% das mortes pela doença. A obesidade, ao aumentar a produção e a circulação de estrogênios e da insulina, estimula o crescimento de células malignas, contribuindo para o câncer de mama, intestino grosso, endométrio uterino, esôfago e rim. Representa 4% de todos os custos no tratamento do câncer, e 6% das despesas com hipertensão arterial.

Sabendo disso, pergunte-se: o que você está fazendo para zelar por sua saúde? Um bom começo é ler “Rejuvelhecer: a saúde como prioridade”, livro do doutor Sergio Abramoff, que terá noite de autógrafos em São Paulo na sexta-feira. Médico com especialização pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica, mestre e doutor em Comunicação e Cultura pelo Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ, ele concebeu a obra como uma forma de levar ao grande público informações (como as do parágrafo acima) sobre a necessidade da prevenção. E faz uma analogia bem-humorada: “quando a luz vermelha do óleo se acende no carro, você continua rodando sem tomar providências? No entanto, boa parte das pessoas ignora os avisos do corpo de que algo não vai bem”. A hereditariedade contribui com apenas 25% das mortes prematuras, enquanto o estilo de vida – má alimentação, tabagismo, estresse, descontrole da pressão arterial e do colesterol, uso de álcool e drogas, práticas sexuais de risco, sedentarismo ou não usar cinto de segurança no carro – é responsável por mais de 63%.

Durante quase 20 anos, deu aulas na pós-graduação para formação de médicos de família, por isso enfatiza a importância da relação de empatia e confiança com os pacientes. “Na medicina preventiva, as pessoas frequentam o consultório regularmente, inclusive quando estão saudáveis. O médico conhece o histórico familiar e escuta o que o paciente tem a dizer. Isso reforça os laços e traz benefícios para o tratamento. Imagine uma pessoa que chega ao consultório obesa, sedentária e tensa. Não adianta fazer cobranças excessivas, é preciso motivar aquele paciente e estar do lado dele. De cada 100 projetos para emagrecer, 92 fracassam. Portanto, ninguém deveria se sentir incapaz se não obtiver sucesso na primeira tentativa. O médico também é o remédio”, afirma.

No livro, explica como os japoneses praticam o hara hachi bu, a autorrestrição do consumo calórico, o que significa comer apenas 80% da capacidade do estômago – “os outros 20% serviriam apenas para sustentar o médico”, diz o doutor Sergio Abramoff. Para um jovem de 20 anos, ser obeso representa uma redução de 13 anos na expectativa de vida. Além de capítulos sobre como prevenir diversas doenças, há um quadro de metas que pode ser baixado e deve ser preenchido semanalmente, acompanhado de um aviso: não desanime caso não saia vencedor a cada objetivo, recaídas acontecem e não são uma catástrofe. Do total de custos na área da saúde, 75% são gastos com enfermidades crônicas, como cardiopatias, diabetes e câncer, que em sua maioria poderiam ser evitadas. Em contrapartida, somente 2% dos custos gerais com saúde são gastos com prevenção. “Caso pudéssemos proporcionar uma assistência médica de qualidade a toda a população, o que está muito longe de ocorrer no Brasil, evitaríamos apenas 10% das mortes prematuras. Já o estilo de vida contribui com 40% da mortalidade e a redução desse risco depende de nosso compromisso e dedicação”, ensina, deixando uma pergunta para todos nós: “o que nos faz pensar que merecemos melhor sorte se nosso comportamento não reflete uma vigilância permanente para a manutenção da saúde?”.

Serviço: Lançamento dia 8 de dezembro, às 19h, na Livraria da Vila do Jardim Paulista


Foto: Leo Aversa/Divulgação