Na foto, Fidel Castro em Sierra Maestra em 1958; os EUA tentaram matar Fidel diversas vezes; mas ele matou milhares, foi mais eficiente, diz Blinder
A história não vai absolver o comandante en jefe, Fidel Alejandro Castro Ruz, como ele apregoou no seu julgamento em 1953, após o fracassado ataque rebelde ao quartel Moncada. Não vai absolver pelo ridículo abrigo esportivo, pela farda verde-oliva, pela barba desgrenhada, pelos infindáveis discursos e otras cositas más. Vamos para as cositas. A história não vai absolver Fidel pelos crimes praticados contra a humanidade.
Conhecemos os argumentos da defesa; era socialismo ou morte. Mas, foi morte em nome do socialismo, foi morte em nome do castrismo, foi morte em nome dele, um ditador caprichoso, um mero ditador, embora longevo. Era o justo antiamericanismo.
Mas, em nome da luta contra o imperialismo ianque, Cuba se converteu em uma colônia soviética e em colônia penal. A Cuba castrista deu educação e saúde para a população, mas uma democracia decente pode também oferecer saudáveis indicadores sociais e sem cartões de racionamento ou a necessidade de um ditador bravatear, como Fidel fez para Oliver Stone, que em Cuba até as prostitutas tinham diploma universitário.
Se é para apelar para este consolo que pelo-menos-na-saúde-e-na educação, então, tanto faz alguém com o figurino de Fidel ou um Pinochet, desde que algumas coisas funcionem ou progridam. Dane-se que seja uma ditadura. A gente conhece o paradigma (na verdade, era um mito) que os trens eram pontuais na época de Mussolini. Fidel, aliás, era um bufão, como o italiano.
O Instituto de Altos Estudos José Dirceu e o Museu Chico Buarque (ala dos dinossauros) serão camaradas nos compêndios sobre o comandante en jefe. Terão a grossura e a verborragia dos pronunciamentos de Fidel. Falando em Dirceu e Chico, a história tambem não vai absolver o barbudo desgrenhado por ter exportado um modelo revolucionário ignóbil para a América Latina. Nesta, Fidel engabelou gerações de jovens latino-americanos, ele e Che Guevara, aquele médico argentino metido a Jesus Cristo.
Mas, vamos deixar claro que, em termos históricos, Fidel será nota de rodapé, apesar da extensão dos crimes e da longevidade no poder. Isto porque ele não passou de um peão no xadrez geopolítico da segunda metade do século 20 (os anos de vida no século 21 foram um bônus). As rivalidades na Guerra Fria conferiram a Fidel uma importância desmesurada, assim como para sua ilhota. Sei, sei, os ianques incompetentes tentaram matar Fidel centenas de vezes. Mas ele matou milhares de pessoas. Foi mais eficiente.
OUÇA e LEIA O OBITUÁRIO JOVEM PAN COMPLETO DE FIDEL CASTRO AQUI
A propósito, o que os americanos deveriam ter feito quando a ilhota caribenha a 140 quilômetros da Flórida se tornou ponta-de-lança dos soviéticos no auge da Guerra Fria? Fidel não será absolvido pela história inclusive por ter sido o epicentro daquela apocalíptica confusão na crise dos mísseis em 1962.
Sem acordo entre americanos e soviéticos, não era aquele treco de socialismo ou morte, mas teriam morrido socialistas e capitalistas, aos montes. A vida era assim naqueles tempos perigosos: uma tentativa de invasão da Baía dos Porcos aqui, uma invasão de Praga pelos tanques soviéticos ali.
Os tanques soviéticos partiram há muito tempo de Praga e vizinhanças. Infelizmente voltaram para as bandas ucranianas com Vladimir Putin. Já na ilhota caribenha, a marcha da história simplesmente empacou. E isto ficou ainda mais visível quando Cuba foi visitada por Barack Obama em março de 2016, O reatamento de relações entre EUA com Cuba apenas realçou a irrelevância estratégica da ilha castrista.
A maior proeza de Fidel foi ter sobrevido tanto tempo no poder (priceless para escreventes de obituários). Exceto monarcas, ninguém esquentou tanto tempo o traseiro no trono. Na verdade, ele era um monarca, assim como seu irmaõzinho Raúl. A história não absolverá Fidel. Agora, resta esperar a libertação dos cubanos, injustamente condenados a uma ditadura cruel, anacrônica e falastrona.
Ouça também a participação ao vivo de Caio Blinder no Jornal da Manhã deste sábado (26) AQUI
Quanto mais antibiótico tomamos, mais resistentes as bactérias ficam (Foto: Freestocks/Joanna M. Foto)
Todo ano, pelo menos 700 mil pessoas morrem de infecções resistentes a medicamentos.
Não é à toa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu a resistência aos antibióticos como uma das maiores ameaças globais do século 21.
Mas o que está sendo feito para tentar evitar o que poderia ser chamado de "apocalipse dos antibióticos"?
Primeiramente, há uma tentativa de reduzir o uso deste tipo de medicamento, uma vez que, quanto mais antibiótico tomamos, mais resistentes as bactérias ficam.
O psicólogo Jason Doctor, da Universidade do Sul da Califórnia, vem desenvolvendo experimentos para verificar se é possível fazer com que os médicos receitem menos medicamentos.
Ele convenceu mais de 200 médicos a assinar uma carta dirigida a seus pacientes, assumindo o compromisso de serem mais rigorosos na hora de prescrever antibióticos. As cartas foram transformadas em cartazes e coladas nas paredes de seus consultórios.
Os experimentos também adotaram um sistema de classificação. Os médicos recebiam um e-mail mensal com informações sobre quantos antibióticos estavam prescrevendo inadequadamente em comparação aos seus colegas.
Foram criados ainda alertas nos computadores dos médicos, levando-os a questionar se realmente precisavam prescrever os antibióticos, e mostrando como poderiam lidar com pacientes insistentes que exigiam a medicação.
Quando todas essas abordagens diferentes foram adotadas juntas, o número de prescrições de antibióticos foi reduzido drasticamente.
Algumas dessas mudanças estão sendo implementadas nos Estados Unidos e em outros países. Mas, mesmo que as pessoas façam uso de antibióticos apenas quando estão precisando de fato, isso não resolveria o problema. Os seres humanos são um grande mercado para antibióticos, mas há um ainda maior.
Em 1950, foi descoberto que os antibióticos fazem os animais crescerem mais rápido. Desde então, fazendeiros de todo o mundo têm injetado o medicamento em seus animais, mesmo após estudos científicos comprovarem que a resistência bacteriana poderia passar dos animais para os seres humanos.
Um país, no entanto, mostrou que é possível reverter esse cenário.
REsistência bacteriana também é disseminada por meio da cadeia alimentar (Foto: Reuters/Christinne Muschi)
A Holanda tem mais animais por metro quadrado do que qualquer outro país do planeta e, durante anos, esses animais foram rotineiramente alimentados com antibióticos. A proibição de dar antibióticos como promotores do crescimento aos animais surtia pouco efeito, uma vez que os agricultores usavam a mesma quantidade e apenas os rotulavam de forma diferente.
Mas, após uma série de danos à saúde, o governo decidiu repreender os fazendeiros. Em 2009, os agricultores foram avisados que teriam que reduzir em 20% a quantidade de antibióticos que davam aos seus animais, num período de dois anos, e em 50%, num prazo de cinco anos.
O veterinário Dik Mevius, especialista em doenças infecciosas, ajudou os agricultores a elaborar um plano para atingir essas metas.
Eles criaram um banco de dados, revelando os agricultores que mais transgrediam a regra, e impediram os fazendeiros de comprarem antibióticos de diferentes veterinários. Se um veterinário ou agricultor prescrevesse ou usasse antibiótico desnecessariamente, era multado ou perdia a licença.
Então, os fazendeiros holandeses entraram no eixo e pararam de usar tantos antibióticos. Para muitos deles, isso significou mudar a maneira como criavam seus animais.
"Foi realmente uma revolução", disse Mevius. "Nós reduzimos em 60% a quantidade de antibióticos usados em apenas alguns anos", completou.
A maioria dos países está, no entanto, caminhando na direção oposta. Estima-se que China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul deverão dobrar seu uso de antibióticos até 2030, o que levará a resistência a se espalhar. É por isso que cientistas de todo o mundo estão vasculhando oceanos, florestas tropicais e desertos em busca de novas fontes de antibióticos.
Será que a saliva do dragão de Komodo pode ajudar a desenvolver um novo tiop de antibiótico (Foto: Carl Court/AFP)
Recentemente, pesquisadores foram ao Panamá e colheram amostras da pele de uma preguiça de três dedos. Outros cientistas têm procurado novos antibióticos na saliva de dragões de Komodo. Mas ainda é muito cedo para dizer se esses experimentos serão bem sucedidos.
Comunicação entre bactérias Há também aqueles que não estão procurando novos antibióticos, mas estão lutando contra as bactérias. A microbiologista Kim Hardie, da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, estuda a forma como as bactérias se comunicam. Sim, as bactérias se comunicam.
Quando uma única bactéria chega aos seus pulmões, ela se esconde do seu sistema imunológico e dos anticorpos que podem matá-la. Ela não revela suas armas - suas toxinas -, mas fica ali, esperando.
"Uma vez que a bactéria percebe que é um bom lugar para se multiplicar, então ela se comunica", explica a cientista.
As bactérias isoladas se relacionam umas com as outras, até sentirem que estão em número suficiente. Em seguida, se armam e atacam o sistema imunológico.
"Se você tem um único soldado contra um castelo, não vai ameaçar o castelo", afirma Hardie.
"Mas, se esperar que o resto do exército chegue e mostre suas armas ao mesmo tempo, os soldados podem vencer o castelo."
E se você puder impedir que as bactérias se comuniquem, fazendo com que, embora você tenha bactérias nocivas em seus pulmões, elas não consigam se relacionar umas com as outras e assim lançar um ataque?
Hardie afirma que isso pode ser feito e conta alguns experimentos em laboratório tiveram bons resultados. A pesquisadora estima que um antibiótico baseado neste princípio poderia chegar ao mercado em cerca de dez anos.
Há muitos outros experimentos e projetos em andamento. O sucesso vai depender, em grande parte, de aprendermos mais sobre as bactérias.
Como ensina o livro "A arte da guerra", de Sun Tzu, é preciso conhecer o inimigo para vencer a batalha. Como podemos evitar o apocalipse de antibióticos? Aprendendo a enganar as bactérias.
terça-feira, 8 de novembro de 2016
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sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Diploma inútil? Por que tantos brasileiros não conseguem trabalho em suas áreas
Enquanto você lê esta reportagem, milhares de jovens pelo Brasil se preparam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), prova que pode garantir a entrada deles na universidade. Os estudantes apostam na graduação no ensino superior para começar uma carreira. No entanto, muitos dos que pegam o diploma hoje não conseguem exercer sua profissão.
A culpa não é só da crise econômica, que levou o desemprego a 11,8% no terceiro trimestre deste ano, segundo o IBGE, mas do perfil dos recém-formados. Eles se concentram em poucos cursos e, quando buscam uma vaga, percebem que não há tanto espaço para as mesmas funções.
Essa análise foi feita pelo professor de economia da USP Hélio Zylberstajn, a partir de um cruzamento de dados do Censo do Ensino Superior e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho.
Os números de 2014, os mais recentes disponíveis, mostram que 80% dos formandos estudavam em seis ramos: comércio e administração; formação de professor e ciências da educação; saúde; direito; engenharia e computação. Ao olhar o que faziam os trabalhadores com ensino superior, o professor notou que os cargos não existiam na mesma proporção dos diplomas.
Um bom exemplo é o setor de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Apesar da fatia expressiva, apenas 4,9% dos trabalhadores com graduação eram administradores de empresa. Outros 9,4% eram assistentes ou auxiliares administrativos, função que nem sempre exige faculdade.
"As pessoas fazem esses cursos, mas evidentemente não há demanda para tantos advogados ou administradores. Elas acabam sendo são subutilizadas", diz Zylberstajn.
O professor também diz que o número total de graduados seria superior ao que o mercado brasileiro pode suportar. De acordo com o Censo do Ensino Superior, em 2014, um milhão de pessoas saíram das salas de aula. Em 2004, eram 630 mil.
Mais gente no ensino superior
Mas o que levou esse número a crescer tanto?
A multiplicação das instituições privadas, ao lado da maior oferta das bolsas do Prouni e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), facilitaram o acesso dos brasileiros à graduação. De 2000 a 2014, a quantidade de instituições dessa natureza cresceu 15%. Outro fator, dizem os entrevistados, é cultural: no país, a beca é sinônimo de status.
"A gente despreza o técnico e supervaloriza o superior. É uma tradição ibérica. Como por muito tempo foi uma coisa da elite, passou a ser considerado um meio de ascender socialmente", afirma Zylberstajn.
Para a professora Elisabete Adami, da Administração da PUC-SP, esse objetivo está ligado à ideia de que o diploma basta para ganhar mais.
Ela diz que deu aulas em faculdades privadas de São Paulo e notava o desejo de seus alunos de melhorar de vida.
"Na sala, tinha três que eram carteiros, muitos motoboys, o pessoal que trabalhava em lojas. O que eles queriam ali? Subir."
Rodolfo Garrido pensava nisso quando largou o ensino técnico para entrar em uma faculdade privada. Ele ganhava R$ 2.600 como programador de produção em uma metalúrgica. Como engenheiro, diz, seu salário poderia subir para R$ 4.000.
Com a oportunidade do financiamento estudantil, decidiu apostar.
"Já trabalhava na área, então só juntei os estudos. Para poder me graduar e ter um salário melhor, poderia ganhar o dobro. Quando surgiu o incentivo do governo, comecei a pesquisar, porque antes era uma bolada."
Depois de três semestres, teve que deixar as aulas porque ficou desempregado.
Segundo a diretora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP, Tania Casado, a crença de Rodolfo é endossada por pesquisas que indicam salários maiores para empregos de nível superior. Mas faz uma ressalva: os estudos são feitos com quem já está trabalhando nesses cargos.
"Os dados são verdadeiros, só que é preciso lê-los corretamente. O fato de você fazer uma faculdade não significa que vai para um vaga desse tipo."
Os motivos pelos quais Rodolfo escolheu engenharia também ajudam a explicar a concentração dos estudantes em seis áreas, que incluem saúde, direito e computação. São profissões tradicionais, teoricamente mais estáveis e bem pagas. Além disso, são as mais oferecidas pelas instituições privadas, responsáveis por 87,4% da educação superior no país.
"As pessoas vão para faculdades pagas, que têm cursos de menor custo, como direito e administração", diz o professor Hélio Zylberstajn.
Eles são mais baratos porque não usam outros equipamentos a não ser a sala de aula. Cursos de química, por exemplo, exigem laboratórios e substâncias controladas.
Outro fator para decisões tão parecidas seria a pouca idade com que os brasileiros escolhem uma profissão.
"É uma meninada de 17, 18 anos, que faz Administração porque o pai fez, ou porque acha legal ser CEO", diz a professora Elisabete Adami, da PUC-SP.
Aceitar o que tiver
Com tantos professores, administradores e advogados no mercado, muita gente tem dificuldade de conseguir um bom cargo na sua área. Às vezes o jeito é aceitar vagas que pedem apenas ensino médio.
Quando Evelyn Maranhão se formou, em 2011, pensava que seria administradora de empresas. Cinco anos e muitas negativas depois, trabalha como assistente administrativa. Ela registra pedidos e lança horas-extras no sistema de uma empresa de manutenção predial.
"Achei que ia lidar com estatística, relatório, análises, e, na verdade, faço o que uma secretária faria. Imaginava que estaria na tomada de decisões."
Antes de cursar enfermagem, Vivian Oliveira trabalhava com eventos. Mesmo depois da formatura, continua organizando congressos, feiras e festas. Nesse meio tempo, diz, mandou incontáveis currículos, mas não foi chamada para entrevistas. Só foi contratada por uma clínica, onde ficou um ano.
"Até há vagas, mas como não tenho muita experiência, eles não chamam."
Para a enfermeira, o fato de não ter estudado em uma universidade conceituada prejudicou sua trajetória "Se surgir uma posição no (hospital Albert) Einstein, vai entrar alguém de faculdade renomada. Vi que meus colegas buscam fazer pós em lugares reconhecidos, porque colocam esse nome no currículo."
Faculdade renomada
A falta de experiência e a formação em instituições pouco prestigiadas são os principais empecilhos que os formandos enfrentam nos processos de seleção, diz Luciane Prazeres, coordenadora de Recursos Humanos da agência de empregos Luandre.
Prazeres relata que muitos profissionais chegam no mercado sem ter feito estágio, porque precisavam trabalhar para pagar os estudos.
"A maioria são recepcionistas, operadores de call center que buscam o oposto do que estão fazendo. Mas, se ele não sai do mercado para fazer estágio, é difícil conseguir uma oportunidade."
Segundo ela, é comum que, ao abrir um posto, as empresas peçam candidatos formados em determinada universidade.
Professora na PUC-SP, Elisabete Adami diz notar essa diferença ao ver que seus alunos saem empregados do curso.
"Pega estudantes da PUC, da FGV, do Insper, da USP...eles não estão sem trabalho. O pessoal de faculdades de segundo linha não encontra espaço e vai ter que fazer uma pós para complementar a formação."
Para Adami, houve uma proliferação de escolas com menos qualidade, que entregariam profissionais deficientes.
"Esses conglomerados pagam, em média, R$ 17 a hora-aula. Que tipo de professor você vai ter?"
No entanto, pondera, a estrutura ruim não é sempre sinônimo de profissionais mal-preparados. Só que, nesses ambientes, eles são mais frequentes do que em instituições de ponta.
"Sai gente boa, mas por conta própria, porque são esforçados."
Entre uma graduação ruim e uma boa formação técnica, diz Adami, ela aposta na segunda.
"Essa mania de ser o primeiro da família de se formar é uma ilusão, mas é forte no Brasil. É algo secular. Na França e na Alemanha, você não tem esse percentual de jovens na universidade."
O ensino técnico é citado pelos entrevistados como uma opção interessante profissionalmente.
Hélio Zylberstajn, da USP, diz que o ensino é negligenciado e faz falta para o país. O professor sugere que disciplinas ligadas ao ensino técnico sejam incluídas na grade curricular do ensino médio, e não em institutos específicos, como acontece hoje.
"Estamos carentes de técnicos. No ensino médio, deveríamos formar mão de obra em cooperação com as empresas."
Esse tipo de formação é uma possibilidade que precisa ser analisada antes da decisão definitiva pelo ensino superior, diz Tania Casado, do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP.
"É preciso olhar para o lado e ver que há muitas posições não preenchidas, porque as pessoas não têm estudo específico. Os jovens precisam saber disso ao se lançarem em um curso."
Se a escolha for pelo ensino superior, no entanto, Casado diz que o estudante não deve conhecer apenas a profissão, mas as ocupações que ela abrange. Um graduado em Medicina, por exemplo, não precisa ser um médico e pode tornar-se um gestor de plano de saúde.
Além de analisar o mercado, aconselha a diretora, o candidato deve olhar para si e escolher algo com o que se identifique. Se depois quiser mudar de área, a transição não precisa ser dolorosa. Nem sempre uma nova faculdade é necessária, afirma. Às vezes uma especialização ou cursos livres são suficientes.
"Carreira é isto: olhar o entorno e se olhar, o tempo inteiro. E saber que à medida que você vai evoluindo, pode haver outros interesses, o que é bom. Mas é preciso se preparar para esses interesses, o que não necessariamente passa por uma graduação."