A história não absolverá Fidel Castro
fonte: EFE/Enrique Meneses
A história não vai absolver o comandante en jefe, Fidel Alejandro Castro Ruz, como ele apregoou no seu julgamento em 1953, após o fracassado ataque rebelde ao quartel Moncada. Não vai absolver pelo ridículo abrigo esportivo, pela farda verde-oliva, pela barba desgrenhada, pelos infindáveis discursos e otras cositas más. Vamos para as cositas. A história não vai absolver Fidel pelos crimes praticados contra a humanidade.
Conhecemos os argumentos da defesa; era socialismo ou morte. Mas, foi morte em nome do socialismo, foi morte em nome do castrismo, foi morte em nome dele, um ditador caprichoso, um mero ditador, embora longevo. Era o justo antiamericanismo.
Se é para apelar para este consolo que pelo-menos-na-saúde-e-na educação, então, tanto faz alguém com o figurino de Fidel ou um Pinochet, desde que algumas coisas funcionem ou progridam. Dane-se que seja uma ditadura. A gente conhece o paradigma (na verdade, era um mito) que os trens eram pontuais na época de Mussolini. Fidel, aliás, era um bufão, como o italiano.
O Instituto de Altos Estudos José Dirceu e o Museu Chico Buarque (ala dos dinossauros) serão camaradas nos compêndios sobre o comandante en jefe. Terão a grossura e a verborragia dos pronunciamentos de Fidel. Falando em Dirceu e Chico, a história tambem não vai absolver o barbudo desgrenhado por ter exportado um modelo revolucionário ignóbil para a América Latina. Nesta, Fidel engabelou gerações de jovens latino-americanos, ele e Che Guevara, aquele médico argentino metido a Jesus Cristo.
Mas, vamos deixar claro que, em termos históricos, Fidel será nota de rodapé, apesar da extensão dos crimes e da longevidade no poder. Isto porque ele não passou de um peão no xadrez geopolítico da segunda metade do século 20 (os anos de vida no século 21 foram um bônus). As rivalidades na Guerra Fria conferiram a Fidel uma importância desmesurada, assim como para sua ilhota. Sei, sei, os ianques incompetentes tentaram matar Fidel centenas de vezes. Mas ele matou milhares de pessoas. Foi mais eficiente.
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A propósito, o que os americanos deveriam ter feito quando a ilhota caribenha a 140 quilômetros da Flórida se tornou ponta-de-lança dos soviéticos no auge da Guerra Fria? Fidel não será absolvido pela história inclusive por ter sido o epicentro daquela apocalíptica confusão na crise dos mísseis em 1962.
Sem acordo entre americanos e soviéticos, não era aquele treco de socialismo ou morte, mas teriam morrido socialistas e capitalistas, aos montes. A vida era assim naqueles tempos perigosos: uma tentativa de invasão da Baía dos Porcos aqui, uma invasão de Praga pelos tanques soviéticos ali.
Os tanques soviéticos partiram há muito tempo de Praga e vizinhanças. Infelizmente voltaram para as bandas ucranianas com Vladimir Putin. Já na ilhota caribenha, a marcha da história simplesmente empacou. E isto ficou ainda mais visível quando Cuba foi visitada por Barack Obama em março de 2016, O reatamento de relações entre EUA com Cuba apenas realçou a irrelevância estratégica da ilha castrista.
A maior proeza de Fidel foi ter sobrevido tanto tempo no poder (priceless para escreventes de obituários). Exceto monarcas, ninguém esquentou tanto tempo o traseiro no trono. Na verdade, ele era um monarca, assim como seu irmaõzinho Raúl. A história não absolverá Fidel. Agora, resta esperar a libertação dos cubanos, injustamente condenados a uma ditadura cruel, anacrônica e falastrona.
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