A Venezuela mostra por que o socialismo é a maior ameaça à humanidade
João César de Melo - Ilisp
Afirmar que o socialismo é a maior ameaça à humanidade não significa dizer que o capitalismo é a fonte da felicidade.
Primeiro porque o capitalismo significa nada além de liberdade para trabalhar, produzir, vender e comprar coisas, cabendo a cada pessoa decidir o que fazer com o lucro – gastar com futilidades, investir em si mesmo ou ajudar outras pessoas. A felicidade é uma busca pessoal e intransferível. A caridade, no ambiente capitalista, é voluntária.
O fato é que foi a liberdade econômica batizada de capitalismo que fez a humanidade sair da quase completa miséria de dois séculos atrás para uma realidade em que menos de 10% das pessoas do mundo são consideradas miseráveis. Tudo isso porque capitalistas (do pequeno comerciante ao grande empresário) só lucram depois de pagar salários, fornecedores [e tributos] e satisfazer seus clientes.
Como já disse noutros textos, hoje, pobre faz churrasco, tem mudas de roupas no armário e leva no bolso um smartphone igual ao das pessoas consideradas ricas.
Essa liberdade potencializou a ganância de algumas pessoas, porém, viabilizou a caridade de muitas outras. Pessoas comuns que, como nunca antes na história, destinam parte de seu lucro, de seu trabalho e de seu tempo para ajudar pessoas pobres e até causas humanitárias e ecológicas, de levar água para os africanos à preservação das baleias.
Foi o capitalismo que proporcionou isso. Foi o dinheiro gerado pelo capitalismo que financiou medicamentos e tecnologias que tornaram a vida do homem mais longa e menos sofrida. Foi a convergência de interesses privados que proporcionou tantos benefícios públicos.
No entanto, o conforto criado pelo capitalismo gerou um verdadeiro exército de pessoas que lutam – por puro fetiche − de forma direta e indireta em favor de uma ideia que só gerou desgraças à humanidade.
Desde a publicação de O Capital, de Marx, há um século e meio, passando por cerca de 60 regimes socialistas implantados nesse período, o militante socialista continua sem ter um único exemplo de sucesso para citar. Todos levaram seus países à miséria. Todos se tornaram ditaduras sanguinárias. Os cubanos estão há mais de 50 anos sonhando com bifes, barbeadores, absorventes e ventiladores.
Ao longo do século 20, Mises, Hayek e muitos outros autores publicaram diversos livros explicando a razão do socialismo distribuir nada mais do que miséria. A despeito disso, nesse período aconteceram os golpes socialistas em Cuba, na China, na Coreia do Norte, no Camboja, na África… e as tantas tentativas na América Latina. Nessas tentativas de criar uma “nova sociedade” foram sacrificadas mais de 100 milhões de vidas. E cá estamos, em pleno século XXI, vendo o país com as maiores reservas de petróleo do mundo imerso na miséria por causa de… mais um experimento socialista. Os venezuelanos estão passando fome!
O socialismo em si é apenas uma ideia estúpida. O problema são os socialistas. Sem eles, o socialismo seria apenas mais uma tese burra sepultada pela história.
Sempre me lembro de um ex-colega de faculdade, um dos mais pacatos e com as frases mais fofas. Numa final de tarde, surgiu na conversa os fuzilamentos promovidos pela ditadura em Cuba. Lembro-me disso porque realmente me chocou: ele, com a fala mansa, quase como se estivesse declamando um poema, tentou me explicar a necessidade daquilo. Segundo ele, indivíduos contrários aos interesses sociais em um regime voltado para eles realmente não merecem viver.
Repito: esse meu ex-colega era o mais pacífico, incapaz de matar um besouro. São milhares de pessoas assim, espalhadas em todos os nichos da sociedade, que fazem do socialismo a maior ameaça à humanidade.
É comum escutar que o típico militante socialista é ignorante e não sabe o que regimes socialistas fizeram ao longo da história. Sabe, sim! Eles sabem das perseguições, das prisões, dos fuzilamentos. Sabem de tudo!
Ignorante é o eleitor pobre que enxerga em um político alguém que vai lhe dar uns trocados. Essas pessoas não têm ideologia. Eles apenas tentam sobreviver. São vítimas.
Os militantes socialistas levam uma vida confortável, sem grandes responsabilidades, muitas vezes na sombra de um emprego no governo ou dos pais. Enxergam o mundo de forma lúdica: a favela e a cracolândia têm suas “belezas”. Apoiam políticos, partidos e grupos que aplaudem as ditaduras em Cuba e na Venezuela porque acreditam nas ideias e nos procedimentos que eles defendem.
Sob a ótica deles, um governo socialista deve perseguir, prender e matar “reacionários”. Você nunca verá um “isentão” escrevendo contra a violência das ditaduras em Cuba e na Venezuela porque ele realmente acha necessário. Quando uma dessas “pessoas do bem” compartilha uma publicação enaltecendo alguns pontos “positivos” dos regimes socialistas na Rússia e na China é porque ela realmente enxerga que a liberdade e a vida de milhões de pessoas devem ser sacrificadas em nome de um projeto ideológico.
Os jornalistas e comentaristas da GloboNews têm todo um vocabulário pejorativo na ponta da língua para se referir a Donald Trump, mas não conseguem se referir à Cuba como uma ditadura, nem conseguem dizer que o colapso social na Venezuela foi obra tão somente do… socialismo.
Faz mais de quinze anos que o socialismo corrói a Venezuela. Toda a imprensa ocidental acompanhou. Nada foi feito secretamente. Foram absurdos e mais absurdos sendo feitos sob total complacência de jornalistas e intelectuais que apoiam, de uma forma ou de outra, partidos como PT e PSOL, e grupos terroristas como o MST. Pessoas que têm todo um discurso em favor dos mais pobres e da liberdade, contra a violência policial e o totalitarismo, mas que são completamente indiferentes às vítimas do socialismo ao longo da história e, agora mesmo, na vizinha Venezuela.
A desgraça da humanidade é a atuação dessas pessoas. A hipocrisia delas. O amor ao bandido. A perversão ideológica de se importar apenas com as ideias e não com o resultado delas. Pessoas que, apesar de usufruírem do capitalismo, dedicam-se a defender o sistema que o inviabiliza. Pessoas que cobram que os outros façam pelos mais pobres o que elas se negam a fazer. Pessoas cuja sensibilidade é vinculada a conveniências: choram apenas pelas vítimas da “direita”, do capitalismo, do “homem branco hétero”, etc. Pessoas que são capazes de publicar um textão sobre o aquecimento global, mas que não conseguem curtir uma publicação que denuncia a fome na Venezuela.
É o eleitorado do PSOL, a juventude riquinha e descolada que tem como passatempo idealizar a vida dos outros, chamar seus vizinhos de “elite”, defender Lula e dizer que o próximo regime socialista vai dar certo.
Eu não consigo ser indiferente ao que vem acontecendo com os venezuelanos.
Se a ditadura socialista de Nicolás Maduro for deposta pelos militares locais ou por uma intervenção internacional, a imprensa e os intelectuais dirão que foi uma ação injustificável, que a soberania do país foi agredida, que foi “mais um golpe da direita contra a democracia e as ideias progressistas”, tentando apagar da história o colapso humanitário gerado pelo socialismo no país.
Aí o movimento socialista se fortalece, se torna vítima, acrescenta mais uma retórica canalha ao seu programa e alguns anos depois chega ao poder novamente.
Se nada for feito, os socialistas seguem consolidando a ditadura, perseguindo e matando opositores e substituindo a liberdade individual por deveres coletivos que, na prática, significam todos trabalhando em função daqueles que controlam o estado como foi feito na URSS, na China e em Cuba. Tudo com o apoio daquele seu ex-colega de faculdade, gente boa, que quer um mundo melhor, mais justo, onde todos possam fumar maconha em paz.
Eventos cultuais e intercâmbios de estudantes da área de humanas transformarão a ditadura socialista na Venezuela na mais nova queridinha dos intelectuais, jornalistas e artistas do mundo. A GloboNews ainda levará ao ar documentários maravilhosos sobre o tema. Duvida?
Artista plástico formado em arquitetura, acredita no libertarianismo como horizonte e no liberalismo como processo, ateu que defende com segurança a cultura judaico-cristã, lê e escreve sobre filosofia política e econômica.
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