18% dos deputados federais trocam de partido durante janela partidária
Dos 513 deputados, ao menos 91 mudaram de legenda; número pode aumentar. Partidos tradicionais, como PT, PSDB e MDB, perderam espaço, mas continuam entre as maiores bancadas.
Por Fernanda Calgaro, G1, Brasília
As dez maiores bancadas na Câmara após a janela partidária
Levantamento leva em consideração os titulares do mandato
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Fonte: Secretaria-geral da Mesa Diretora da Câmara
Pelo menos 91 deputados federais trocaram de partido durante o período da janela partidária, segundo balanço da Secretaria-Geral da Câmara. O número representa 18% dos 513 parlamentares que compõem a Casa.
Embora o prazo para as trocas tenha se encerrado no dia 6 de abril, novas mudanças ainda poderão ser comunicadas e esse número, aumentar. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) explicou que quem deve fazer a comunicação é o próprio deputado, mas que não há prazo para isso.
Levantamento feito pela Câmara levando em conta apenas os deputados titulares, ou seja, os detentores do mandato, em comparação com os eleitos em 2014 mostra que partidos tradicionais, como PT, PSDB e MDB, perderam espaço, embora continuem entre as maiores bancadas.
O PT, por exemplo, elegeu a maior bancada em 2014: 69 deputados. Hoje, continua sendo a maior, mas perdeu nove deputados, ficando com 60 parlamentares. A perda, porém, não foi repentina. Em 2016, quando houve outra janela partidária, o PT perdeu deputados e estava com 62.
Na janela deste ano, o PP subiu do quarto lugar (38 eleitos) para o segundo (53 titulares). No entanto, nem todos os parlamentares titulares estão no exercício do mandato. Quatro deles estão fora, incluindo Paulo Maluf (SP), preso em regime domiciliar. Por outro lado, o PP tem um suplente no exercício do mandato. Por isso, no site da Câmara, a bancada aparece com 50 parlamentares.
A legenda deixou para trás o MDB, que registrou o maior número de perdas (17) nesta janela partidária. O MDB elegeu 65 deputados em 2014 (segunda maior bancada da Câmara), ganhou dois após a janela de 2016, chegando a 67. Com a janela de 2018, porém, passou a contar com 50 deputados e está em terceiro lugar entre as maiores bancadas.
O PSDB, que elegeu 54 parlamentares em 2014, está em quarto lugar, com 48 titulares.
Na contramão dos grandes partidos, legendas médias conseguiram encorpar seus quadros. O DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que elegeu 21 deputados, hoje está com 43 titulares, e é o quinto maior partido em número de deputados.
O PR, outro partido que ao lado do PP integra o chamado Centrão, bloco informal que reúne siglas menores com perfil conservador, de centro-direita, foi de 34 para 41 deputados.
Na ponta dos partidos menores, o Podemos (antigo PTN), também apresentou um crescimento expressivo, passando de 4 para 17 deputados.
Além do MDB, o PSB, outro partido tradicional, também perdeu um grande número de deputados nessa janela: saiu dos 34 deputados eleitos em 2014 para atuais 26.
Janela partidária
A janela partidária é um período de 30 dias em que os deputados podem mudar de partido sem o risco de perder o mandato por infidelidade partidária.
Ao trocar de sigla, os parlamentares e partidos miram as eleições de 2018. Em jogo, estão recursos para a campanha do fundo eleitoral bilionário e controle dos diretórios regionais das legendas.
Além disso, aos partidos, interessa garantir o maior número de cadeiras na Câmara, já que é esse o critério determinante para acesso ao fundo partidário – verba pública anual distribuída aos partidos na proporção dos votos obtidos na última eleição para a Câmara.
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