quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Leite fermentado é probiótico? Por que ele vem em um frasco tão pequeno?

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No pequeno frasco do leite fermentado tem a quantidade segura de bactérias para garantir benefícios ao organismo sem causar reações adversasImagem: Getty Images
Chloé Pinheiro
Colaboração para o VivaBem
02/08/2018 04h00
As descobertas sobre a importância da microbiota intestinal para a saúde dispararam o interesse pelos probióticos, produtos que possuem bactérias consideradas “boas” para o organismo. Isso fez alimentos como kefir e kombucha ganharem muito destaque.
Mas onde fica um produto clássico nessa história: o leite fermentado vendido no supermercado? Encontrado em embalagens bem pequenas --alvo de disputas inesquecíveis entre irmãos na infância --, ele está entre os probióticos mais populares e conhecidos, e com razão.
Há vários estudos sérios comprovando que os leites fermentados comercializados possuem quantidades adequadas de micro-organismos --que, para um produto ser considerado probiótico, devem chegar vivos ao intestino, promovendo benefícios à saúde”, aponta Susana Saad, farmacêutica-bioquímica e professora da USP (Universidade de São Paulo). 

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O que são os probióticos?

A premissa desse grupo alimentar é equilibrar a população das bactérias que vivem em nosso intestino, para que elas trabalhem em prol do corpo humano. Os principais micro-organismos considerados benéficos são os lactobacilos e as bifidobactérias.
“Se consumido diariamente, o leite fermentado pode auxiliar na recomposição e manutenção da microbiota, contribuindo para uma boa digestão, melhor aproveitamento de nutrientes e funcionamento do intestino”, destaca Mirna Barreto Cerqueira, nutricionista graduada pela USP.

O que é o leite fermentado?

Como o próprio nome diz, é um leite que sofre fermentação de bactérias --geralmente lactobacilos. Além de conter micro-organismos benéficos para o intestino, o alimento é fonte de proteínas e cálcio, nutrientes presentes no leite. Vale lembrar que o kefir também é um tipo de leite fermentado. 

Por que ele é tão pequeno?

Na pequena embalagem do leite fermentado há um número seguro de bactérias para garantir benefícios ao organismo sem provocar reações negativas. Os especialistas explicam que algumas pessoas podem sentir desconforto intestinal ao tomar grandes doses de leite fermentado.
“O ideal é iniciar o consumo com pequenas doses e ir aumentando conforme as necessidades individuais de cada um, de preferência com orientação profissional”, orienta Cerqueira. Mas nada impede de beber mais de uma garrafinha, se você tiver vontade e notar que isso não traz problemas intestinais.

Bom para todas as idades

Os leites fermentados infantis são fabricados com bactérias que atuam no funcionamento adequado do intestino e na prevenção de infecções que podem causar diarreia --algo bem comum na infância. “Os lactobacilos competem com agentes patogênicos e, assim, impedem que eles se multipliquem e causem problemas”, detalha Renata Cintra, nutricionista e professora do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), campus de Botucatu.
Para os pequenos, isso é importante porque a microbiota ainda está em formação e, assim, as crianças ficam mais vulnerável a desequilíbrios e à ação de micro-organismos que provocam doenças. Idosos também se beneficiam do consumo de leites fermentados específicos, pois possuem o sistema gastrointestinal mais sensível.
Para os adultos, há mais opções, inclusive com maior quantidade de bactérias. Os probióticos podem ser usados tanto diariamente, para regular o funcionamento do intestino e fortalecer a imunidade, quanto pontualmente, depois de um tratamento feito com antibióticos, por exemplo. 
Como possuem ações diferentes, é possível fazer testes com os produtos e, sempre que possível, buscar orientação profissional para o consumo.

Mas e o açúcar?

Além da lactose em si, açúcar naturalmente presente no leite fermentado pelas bactérias, esses produtos podem ter ainda açúcar adicionado. “As bebidas com maior teor de açúcar adicionado e sabores artificiais devem ser evitados”, orienta Mirna Barreto Cerqueira.
O ideal é sempre ter em mente que o que vale mesmo é o equilíbrio.
“Uma pessoa sem restrição ao açúcar, ou que não consuma doce em excesso pode, sim, fazer uso do leite fermentado que tenha o ingrediente em sua fórmula”, expõe Cintra.

Não é só tomar probiótico

Por último, mas não menos importante, de nada adianta tomar leite fermentado só de vez em quando ou ainda todos os dias se não houver outros esforços em prol da microbiota. “É preciso garantir substratos, ou seja, alimento para essas bactérias continuarem predominando no intestino”, explica Renata Cintra.
Estamos falando aqui dos prebióticos, nutrientes que dão o combustível necessário para esses micróbios. São, essencialmente, as fibras das frutas, cereais integrais, grãos e leguminosas. O consumo deles deve ser de cerca de 20 g ao dia --para se ter ideia, uma manga pode conter 9 g de fibras prebióticas. Por outro lado, o excesso de açúcar, gordura saturada e álcool tende a diminui a quantidade de bactérias boas para o organismo no intestino.

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