País investe R$ 77 milhões em pesquisas na área.
Animais são responsáveis por 18% das emissões de gases do efeito estufa.
Para reduzir as emissões de CO2 atribuídas ao gado, cientistas neozelandeses estudam uma maneira de purificar as flatulências das ovelhas, suprimindo o metano que os ovinos expelem para a atmosfera.
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Os cientistas tentam principalmente compreender por que algumas espécies poluem mais do que outras e se alguns regimes alimentares são mais ecológicos.
"O aumento da atenção para a mudança climática e as novas tecnologias nos permitem esperar conseguir o que antes era impossível", explicou Peter Janssen do Centro de Pesquisas sobre o Gás com Efeito Estufa de origem agrícola.
Num laboratório de Palmerston North, na ilha do Norte do arquipélago neozelandês, os animais são fechados um por um, durante dois dias, em caixas herméticas onde há filtros que medem a frequência de suas flatulências e seus conteúdos.
Os cientistas esperam, graças à genética, elaborar uma vacina que impedirá os ruminantes de gerar gás metano (CH4), uma hipótese possível dentro dos próximos 15 anos.
"Agora podemos identificar esses organismos e designá-los especificamente para trabalhar em vacinas a partir de moléculas inibidoras que atacam apenas os micróbios que produzem o metano", explicou Peter Janssen.
Os ruminantes digerem seus alimentos parcialmente, fazendo-os fermentar no estômago antes de devolvê-lo -- junto com uma importante quantidade de metano -- para poder mastigá-lo mais facilmente.
As Nações Unidas estimam que 18% das emissões com efeito estufa no mundo se devam aos animais de gado. Mas a proporção é claramente mais elevada -- da ordem de 50% -- na Nova Zelândia, onde pastam 35 milhões de ovelhas e oito milhões de vacas.
Investimento
O arquipélago investe 50 milhões de dólares neozelandeses (em torno de R$ 77 milhões) em um programa de redução das emissões poluentes de origem agrícola.
Os agricultores, antes alheios aos problemas ecológicos, agora estão associados a estes trabalhos.
Em 2003, o governo criou um imposto para favorecer a investigação científica, mas teve de voltar atrás ante a pressão dos agricultores denunciando "o imposto dos peidos" (apesar de 90% das emissões, na realidade, serem oriundas de arrotos).
"Nem mesmo o grande público havia compreendido. Na Nova Zelândia é provavelmente correto dizer que somos céticos em relação à mudança climática", admitiu Rick Pridmore, diretor de desenvolvimento sustentável da Federação de Produtores de Leite.
"Mas isso mudou nos últimos cinco anos. Acho que agora os agricultores chegaram a um acordo", acrescentou.
A vacina pesquisada poderá melhorar as capacidades digestivas dos animais, e reduzir assim suas rações alimentares.
O metano (CH4) é emitido pelas zonas úmidas, a extração do carvão, a indústria do gás e do petróleo, as flatulências dos ruminantes e a decomposição dos dejetos orgânicos nos lixões.
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